sábado, 5 de outubro de 2013

As bicicletas de Belleville

O longa produzido pelo frances Sylvian Chomet, inaugurado em 2003, não é um longa de animação parecido com tantos outros. As Bicicletas de Belleville, ou Les Tripplettes de Belleville, apresenta personagens desproporcionais, uma narrativa tensa e significados implícitos durante todos os seus 82 minutos.
Embora em sua sinopse o gênero seja apresentado como comédia, o seu humor está em extinção, dando mais ênfase ao drama e a tragédia.
Assim como em muitos outros curtas e longas franceses, não há um diálogo que decorre os minutos de filme. Apenas algumas palavras são trocadas entre os personagens, sendo assim mais enfatizada a questão das imagens e das mensagens escondidas.


A trama começa com um flash-back de tempos antigos de Hollywood, com os americanos estereotipados e pessoas da máfia ouvindo três mulheres cantando em um cabaré.
Logo depois, a historia troca de lado, e fala sobre um menino depressivo chamado Champion, que perdeu os pais, ainda muito jovem, e mora com sua avó (Madame Souza). A velhinha tenta de tudo para animar o garoto, dando-lhe até mesmo um cachorro (Bruno), que vem a ser um dos personagens principais do filme. Nada funciona, até que uma bicicleta muda a vida do menino. O filme passa em questão de segundos para anos depois, e mostra Champion treinando para o Tour de France, competição muito popular que acontece anualmente na França.
O que coloca êxtase no filme é quando o menino acaba sendo raptado por “vilões sequestradores de ciclistas”, vindos da megalópole de Belleville.
Madame Souza e o cachorro Bruno atravessam um oceano de chuva e tempestade, e chega a tal da cidade grande para resgatar o seu neto. É Interessante perceber que ao chegar na cidade, a aglomeração dos prédios faz uma referência direta a apresentação inicial da Disney, com o castelo e fogos de artifício atrás.
A megalópole que se mostra claustrofóbica, não é representada em tons de cinza como na maioria das vezes, mas sim em tons amarelados, para mostrar que a cidade está em meio ao consumo incessante e a industrialização.
Ao chegar lá, Madame Souza conhece as três cantoras que aparecem cantando no cabaré Hollywoodiano no início do filme - o título do filme pode ter uma dupla interpretação, chamado de Trippletes devido ao trio cantor, ou as bicicletas que rodeiam o longa - e começa então uma jornada em busca do neto Champion e dos vilões.
O filme termina com Champion assistindo televisão, sempre com a mesma expressão depressiva e com objetos representativos espalhados por toda a sala.

O filme mostra acima de tudo uma crítica social a sociedade de consumo e ao apego material de muitos, em especial de moradores de cidades grandes como Belleville. Alem disso, há também uma outra crítica presente na questão da obesidade, pois aqueles que não têm uma atividade constante como Champion e as cantoras, são representados como obesos e vegetativos.
Embora a trama seja complexa e confusa, ela nos traz uma originalidade e marca a vida de amantes da sétima arte fazendo-os mergulhar em um mundo bizarro e adotar um carinho pelos personagens. Esse filme é inesquecível, e é preciso assisti-lo no mínimo três vezes para conseguir entender alguns detalhes que passam despercebidos.


O longa metragem de animação concorreu ao Oscar de Melhor Animação em 2004, e teve um orçamento aproximado de 8 milhões de dólares. A trilha sonora foi composta pelo canadense Benoit Charest, originário do Quebec.  

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