sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Um Conto Chinês

Há muito o cinema argentino tem dominado as salas de cinema e cineclubes do mundo todo, seja com seus clássicos ou com seus filmes contemporâneos. Com uma pegada independente, o cinema dos “hermanos” encanta por diferentes motivos, em especial devido aos seus roteiros imprevisíveis e originais que prendem a atenção do começo ao fim.
Alguns dos longas mais famosos contaram com nominações importantes em festivais cinematográficos, entre eles “O Segredo dos Seus Olhos”, vencedor de Melhor Filme Estrangeiro no ano de 2010, extravasando com dramaticidade a atuação de Ricardo Darín; “Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual”, que retrata as relações em um mundo influenciado pela tecnologia e “Relatos Selvagens”, com um roteiro que separa a civilização da barbárie.


Porém, quem predomina na minha lista de preferências argentinas é “Um Conto Chinês” (Un Cuento Chino), lançado em 2011 e dirigido por Sebastián Borensztein. Tocante, o filme tem um ritmo lento e cotidiano, enfocando pequenos ciclos e detalhes que incorporam personalidade ao longa-metragem.
A história começa com um fato bizarro: uma vaca caindo do céu. Logo depois, a cena se abre para Roberto (Ricardo Darín), um homem recluso e cheio de manias – dormir sempre às 23 horas, colecionar miniaturas em vidro e notícias esquisitas, sempre retirar o miolo de seu pão francês, contar parafusos – e que trabalha em uma loja de ferramentas.  
Capa do filme "Um Conto Chinês"
O filme muda de ritmo ao parar na cena em que Roberto olha atentamente os aviões – objeto presente em grande parte do filme – quando, de repente, Jun (Ignacio Huang), um chinês perdido por Buenos Aires, é arremessado do táxi. O encontro dos dois se dá de maneira hilária, uma vez que ambos não falam a mesma língua e se veem diante de um problema: encontrar o tio de Jun.
A rotina de Roberto é obrigada a mudar drasticamente quando “adota” Jun e presencia um choque de culturas em sua própria casa. Ao longo de semanas, ambos buscam maneiras de se comunicar e viver de maneira harmoniosa, porém um acontecimento imprevisível balança a relação de Roberto e Jun, mostrando que as coisas não acontecem por acaso. 
Como na maioria dos filmes, uma pitada de romance também está no ar em “Um Conto Chinês”. Embora seja uma personagem secundária, Mari se mostra perdidamente apaixonada pelo excêntrico Roberto, e presente em grande parte de seus pensamentos a cada cena que passa.

O que chama a atenção neste longa é não somente a simplicidade e a conexão com o público que Borensztein conquista, mas também a trilha sonora. Esta, que me encantou desde o início, acompanha de maneira intensa cada momento do filme, tornando-o o que ele é e o que ele busca mostrar. 


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