segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Frida Kahlo - uma tradição mexicana

Há algum tempo venho querendo escrever sobre uma das minhas personagens favoritas, a artista Frida Kahlo. As suas obras intensas sempre me chamaram a atenção – nem sempre de maneira positiva – e após assistir ao filme e ler alguns artigos sobre sua biografia, percebi como ela merece ser conhecida e como este símbolo feminino serve de inspiração para lutar pela vida e pelo que se ama. Com uma trajetória repleta de sofrimentos e superações, Magdalena Carmen Frieda Kahlo, também conhecida como Frida Kahlo, é hoje um dos marcos da cultura artística mexicana, latina e mundial. 

Nascida em julho de 1907, em Coyoacán, no México, teve suas raízes provenientes de artistas (fotógrafos, pintores autorais) e se tornou, através da maneira de se vestir, viver e lutar, uma apaixonada e revolucionária das tradições mexicanas. Vale destacar aqui que as vestimentas usadas por Frida – sempre muito coloridas, festivas e florais – tornaram-se hoje um modelo, uma característica e um dos símbolos culturais do México.
Desde muito jovem sua vida se tornou alvo de complicações. Aos seis anos de idade, Frida havia contraído poliomielite, deixando-a com uma lesão visível em seu pé esquerdo, com dificuldades de andar. Mais tarde, aos dezoito anos, a artista sofreu um acidente de ônibus em que teve múltiplas fraturas, necessitando de 35 cirurgias para se recuperar. Durante este período em que estava impossibilitada de se mexer, apenas em sua cama, deu início a sua carreira artística, retratando em seus quadros ela mesma, o seu autorretrato.

"Autorretrato com colar de espinhos e colibri" (1940)
Conhecida também pela sua vida amorosa, em 1929, Frida se casa com o pintor Diego Rivera, considerado um dos maiores artistas plásticos do século XX. Muitos autores e biógrafos da artista destacam os pontos construtivos do casamento entre os dois: Diego Rivera era muito reconhecido na vida da mexicana pelo fato de ter-lhe auxiliado a desenvolver sua carreira artística, sempre apoiando e divulgando as suas obras ao redor do mundo, junto a suas turnês internacionais. Porém, o relacionamento de ambos se viu marcado por muitos altos e baixos, com separações e reconciliações constantes. Os momentos instáveis do casamento se deram principalmente devido a problemas de infidelidade – especialmente por parte de Diego, que se relacionou diversas vezes com sua irmã, Cristina Kahlo – mas isso não impediu que Frida continuasse incondicionalmente apaixonada pelo pintor.Embora existam controvérsias em relação a essa teoria, constata-se que a artista Frida Kahlo também teve os seus momentos de traição, vivendo um romance escondido com o revolucionário bolchevique russo, Leon Trotsky, que foi convidado a abrigar-se em sua casa no México por motivos de segurança. Por mais que o relacionamento de Frida e Diego tenha sido marcado por instabilidades, não se pode negar que ambos se tornaram um dos casais mais personalizados e influentes do século XX.
Um dos principais pontos a serem enfocados quando se trata da artista são as suas obras. Suas pinturas são um retrato vivo de sua trajetória, e através dos traços intensos e coloridos de Frida, percebe-se que esta usava muito da arte para expôr suas angústias, dores, sofrências e alegrias. Destaco aqui algumas das minhas obras favoritas de Frida Kahlo – todas com significados distintos – além de marcantes para a cultura latina: “Autorretrato em vestido de veludo” (1926); “Frida Kahlo e Diego Rivera” (1931); “As duas Fridas” (1939); “Autorretrato com colar de espinhos e colibri” (1940); “A Coluna Partida” (1944).
Aos interessados na vida de Frida e para o entendimento cronológico da artista, recomendo o livro ”Frida – A Biografia”, de Hayden Herrera (aos pacientes, porque a leitura é longa) ou o longa-metragem “Frida”, dirigido pela cineasta americana Julie Taymor, com a participação dos atores Salma Hayek e Alfred Molina.
Dica turística: Quem deseja imergir na vida íntima de Frida e Diego, não deixe de visitar “La Casa Azul”, no bairro de Coyoacán, México. Primeiramente residência da família Kahlo, algum tempo depois passou a ser o ninho romântico do casal, tornando-se hoje o Museu da Frida Kahlo. O local abriga cartas, livros, quadros, paredes rabiscadas e objetos intactos, todos utilizados pelos membros que já habitaram a casa, famoso ponto turístico mexicano. 

É claro que viajar até o México não é uma tarefa cotidiana, mas existe uma possibilidade de se aproximar da artista, em São Paulo: até dia 10 de janeiro de 2016, 20 obras de Frida Kahlo estão expostas no Instituto Tomie Ohtake, na exposição “Frida Kahlo, conexões entre mulheres surrealistas no México”. Para mais informações: 
www.institutotomieohtake.org.br

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